Amazing Nurse Nanako


Alternativos:Nanako Katai Shinsho
Ano:1999
Diretor:Hiroshi Negishi
Estúdio:GENCO
País:Japão
Episódios:6
Duração:30 min
Gênero:Comédia / Sci-Fi / Mecha
De onde menos se espera, daí mesmo que não sai nada. O que, convenhamos, é uma senhora grande verdade. E atentem que eu disse "grande", e não "absoluta", pois felizmente exceções existem... ainda! O que, também, não é algo necessáriamente ruim. Pelo menos não nesse caso. 

Temos aqui a história de Nanako Shichiguza, uma adolescente de 16 anos que trabalha de empregada ("maid", para os íntimos) no Hospital Geral Ogami. E... pera lá! Se ela trabalha de empregada, porque o anime se chama "Incrivel Enfermeira Nanako"? Bem, a resposta a essa pergunta é mais simples do que parece. Apesar de ser verdade que ela quebra um galho como assistente do Dr. Kyouji, existe um motivo "dentro da história" para o anime ter esse nome, um motivo bem enraizado nos segredos do anime, mas ainda um motivo.

Só que, para ser franco, a impressão que realmente passa é que o titulo de "Nurse" foi uma tentativa de expandir ainda mais o público-alvo, adicionando mais uma fantasia masculina ao rol das que já são veementemente exibidas no decorrer da série. Porque, esteticamente, o anime é um "fan-service" generalizado e descarado. De calcinhas a chicotinho, passando por amarras e uma insinuação de lesbianismo, o anime não tem muita vergonha de mostrar para QUEM veio, há fetiches para todos os gostos (lá pelas tantas, eu já me perguntava a que horas surgiria na história alguma "catgirl", porque é só o que ficou faltando mesmo). 

A própria personagem-título é a prova cabal disso. Suas roupas são exageradamente curtas e os seios exageradamente grandes, e não seria nada estranho se, durante o anime, passasse uma legenda na parte de baixo da tela anunciando Garage Kits da Nanako para vender. Tanto é verdade, e a série força tanto neste aspecto, que acaba caindo mais para o ridículo do que para o sensual. Sem contar que, se a equipe de produção colocasse tanto empenho e determinação na animação do restante quanto colocou na do peito da Nanako, certamente este seria o melhor anime de todos os tempos, graficamente falando. Pessoalmente eu acho que esse tipo de apelo sexual acaba soando muito mais forçado do que engraçado, e menos ainda propriamente sensual. E é uma pena que isso aconteça com muita freqüência (encontrar duas seqüências em que a protagonista apareça trajando duas peças de roupa não é uma tarefa tão fácil quanto parece...), porque o desenho consegue ser bem engraçado quando não está apelando. 

Aliás, falando em desenho, a animação é muito fluida e com bom uso de cores, um visual muito vívido. A trilha sonora, se não ajuda, pelo menos não compromete, o que é o mínimo que se espera de uma série OVA, ainda mais quando leva o nome da Pioneer à frente e é realizada pelo estúdio Radix, o mesmo que fez os filmes de Tenchi Muyo. Acrescente a isso um bando de personagens estereotipados (o velho pervertido, a metida a gostosona, a própria Nanako - adolescente chorona) e teríamos um anime absolutamente esquecível (quer dizer, sempre há quem goste do gênero pela milésima vez, tanto é que estão produzindo mais uma série de Ah! Megami-sama, mas falando sério...). 

Entretanto, eu disse TERÍAMOS, e isso faz toda a diferença. Existe uma pessoa responsável por impedir que esse anime se tornasse algo absolutamente esquecível, e esse alguém atende pelo nome de Yano Rasputin, o roteirista da coisa toda. Porque o que salva esse anime do lugar-comum absoluto é seu roteiro muito bem bolado. Roteiro esse que adiciona um clima meio surreal à história sem ficar, porém, completamente inverossímil.








O Hospital Geral Ogami, comandado pelo figuraça Kyouji Ogami (por sinal, a única pessoa ali que tem algo realmente a ver com alguma ciência, medicina inclusive), fica localizado dentro de uma instalação militar no Arizona e é uma "espécie" (só para não dizer que é mesmo) de Area 51. Tudo o que é bizarro, esquisito e que não pode vir a público nem que a vaca tussa, acaba indo parar nas mãos hábeis (por assim dizer) do Dr. Ogami. A própria existência do hospital é completamente ignorada pela população e, por acaso, nem hospital chega a parecer realmente, está mais para uma "mansão com laboratório" (eu não disse que a Nanako estava muito mais para "maid" do que para enfermeira?). 

Aliens? Monstros mutantes? Ursos pervertidos? É tudo com esse pessoal mesmo! 

Como sua enfermeira-assistente e, principalmente, como sua cobaia favorita, temos a já-citada-estabanada Nanako. E isto, quando não está sofrendo em algum dos "treinamentos" especiais impostos pelo Dr. Kyouji (e, acreditem ou não, esses "treinamentos" têm um motivo de ser, alem de mostrá-la com pouca/nenhuma roupa, ou pelo menos assim o dizem durante a série). 

E apesar da figura de "adolescente atrapalhada" ser um estereótipo monstruoso, nesse caso especificamente acaba dando certo. Apesar de ser um desastre ambulante, ela ainda é a personagem mais "normal" do anime, o que, em meio a tanto surrealismo, acaba ficando engraçado. A expressão dela, com a boca entreaberta e o olho tremendo, revela um profundo e sincero "não brinca..." e refletem bem o que ocorre com o espectador durante a série. Isso, na verdade, é uma técnica narratória para familiarizar o espectador em algum ponto da narrativa, para que ele se identifique e passe a aceitar aquele universo como possivel, mas deixemos isso para outra ocasião... 

Por exemplo, na seqüência que abre o anime, é mostrado um militar e um padre discutindo uma conspiração da mais alta seriedade, ao mesmo tempo em que a nossa heroína ateia fogo na cozinha no melhor estilo Papa-Léguas: não tem como não se desarmar. Seqüências como essa, e como a impagável em que ela tenta deixar o avião "mais leve", representam bem o tipo de humor contido nesse anime e que funciona muito bem. 

Falando em "funcionar bem", a dupla Nanako-Kyouji até que funciona bem também, mas se é para ver uma adolescente apaixonada ser tratada como gato e sapato, sou muito mais Il Palazzo e Excel, naturalmente. 

Outra coisa que ajuda a gostar da Nanako é a sua dublagem. Porque o normal é esperar uma vozinha chatinha e estridente, "à la" Sailor Moon, não é? Pois felizmente o trabalho de Maria Yamamoto é muito adequado. Com um tom de voz mais grave, não dói no ouvido e ainda realça o jeito atrapalhado dela. Para não falar que é muito parecida com a voz da Yumiko Kobayashi (a Poemi, de Puni Puni Poemi), de longe uma das minhas dubladoras favoritas. 

Aproveitando que eu falei antes em conspiração, vamos tocar nesse assunto: onde mais se poderia encontrar uma trama envolvendo o Pentágono, a Segunda Guerra Mundial, o Vaticano e uma "maid" adolescente de 16 anos? Apesar das explicações científicas maçantes, a trama é muito bem amarrada e para tudo existe um motivo ou, pelo menos, quando não existe, isto fica bem especificado, deixando a cargo do espectador especular o que pode ter acontecido, sem inventar simplesmente qualquer bobagem sem sentido ou uma coincidência inacreditável, como usualmente acontece. Esse aspecto fez o anime ganhar mais pontos de credibilidade no seu roteiro, no meu ponto de vista.. 

Alguns mais moralistas talvez se sintam ofendidos com o "plot", que brinca com alguns dogmas bem sérios para muitas pessoas. Se você é realmente uma pessoa que se ofende com esse tipo de coisa, não vai chegar ao final desse anime porque, como já foi dito, a apelação bate forte o tempo todo.




Para concluir, pessoalmente eu acredito que a idéia de fazer um ecchi/comédia montado em um bom "plot" poderia ter sido melhor explorada, mas então volta-se ao inicio desse "review". Porque ANN não é um anime do qual se deva esperar alguma coisa. E o segredo para se gostar desse anime é justamente esse: não esperar nada. Se você não colocar nenhuma expectativa em cima do anime e assistir a ele completamente desarmado, vai se divertir um bocado e, de quebra, ainda fica por dentro de uma boa história. O final não é brilhante, mas convence, e isso já é muito nos dias de hoje! (Felizmente até hoje não se utilizaram do gancho que ficou em aberto para emendar uma continuação, e que continue assim porque não há roteiro que consiga salvar uma possivel segunda parte...). 

É uma obra-prima? NÃO! 

Mas afinal, quem foi que disse que anime não pode ser só pra assistir e curtir?
Fonte: animehaus

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